quarta-feira, 9 de junho de 2010

CHEGA DE BEIJO !!!




Beijo, beijos, beeeeeeeeeeeeeeeeeijo, beijim, beijoca, beijão. Coisa mais antipática, repetitiva, sem sentido, fora de lugar e de hora. É uma mania nacional que já proliferou do Oiapoque ao Chuí. E dá-lhe beijo. É o beijo sem motivo, o beijo sem rumo, o beijo sem beijo, o beijo sem glamour, o beijo sem sentimento, enfim...o beijo besta. Há os beijos sagrados, beijo de mãe e beijo de filho, esses têm um sentido outro, respeitemo-los.

O beijo clássico, o beijo parnasiano, é o beijo de amor e por amor, fácil de ser identificado. Quem o experimentou sabe, não há lugar para dúvidas. Dizem que o beijo é o termômetro da relação amorosa. É beijo que tem significado, ele fala. É o beijo do apaixonado que se entrega de corpo e alma, fecha os olhos e naquele momento não há para mais ninguém.

Mas não sei por qual contrassenso social, o beijo vem perdendo seu augusto status . Beija-se por tudo e por nada. São os beijos fracos, anódinos, nada mais que uma contração labial que pode ser esdrúxula dependendo da proveniência. São os famosos beijos estudados, que em geral têm por acompanhante um par de olhos que caem lentamente, uma afronta à miopia. Quanta situação mal parada! A gente é apresentada a uma pessoa e lá vem ela toda íntima nos agredindo com dois sonoros e ridículos beijinhos. Uma chatura, uma antipa de arrepiar!

Há os educadinhos que só encostam o rosto e nem olham para sua cara ou, no outro extremo, os que fazem do cumprimento um ato obsceno. Metem-lhe dois tirambaços molhados nas bochechas e te deixam em estado de surdez temporária tamanho o ruído produzido pelos lábios em O. Esse é um beijo irritante que deveria ser proibido por lei. Muito comum, aliás. Outra modalidade infernal é aquela que o homem beija a cabeça da gente. Tenho ódio dessa irreverência: beijo no cabelo. Há também os desatentos que beijam tão pertinho da boca que, se a vítima der uma viradinha mínima, sai dali um beijo holywoodiano. E os que beijam a mão? Esses são os fora de moda, tipo tomar a benção.

O fato é que sair de casa hoje em dia implica no risco de ganhar um beijo de uma criatura que nunca viu antes, até atendente de loja quer despedida aos beijos, principalmente se a venda for satisfatória.

Além de um ato banal o beijo tornou-se a palavra mais falada no país. Todo mundo carrega um beijo na boca, pronto para ser catapultado a qualquer momento. Posso afirmar que hoje 100% das pessoas despedem com..."um beijo" ou simplesmente "beijo". Francamente, isso é uma antipatia sem limites. Outro dia, no pedágio, o rapaz me mandou um beijo; o cara do BHTRANS me liberou de uma "blitz" com um sonoro: "pode seguir, um beijo"; o frentista do posto de gasolina sempre se despede com um: "vai com Deus, um beijo". Sem falar nos atendentes das telefônicas, cartão de crédito e instituições do gênero que parecem treinados para faltar ao decoro e mandar um beijo ao final da conversa, nem sempre simpática. Em geral não resolvem o problema pendente e, depois de todo tipo de absurdos e explicações sem sentido, te brindam com "um beijo". Que coisa mais louca é essa?

O pior é conversar com uma criatura que independente do sexo, cor ou idade, fala na maior naturalidade: "estou doido para beijar".

Chega de beijo, gente. Devolvam ao beijo sua primazia e exclusividade no coroamento das relações amorosas. Deixem o beijo para o namorado que chega e lasca na amada um beijo como se tivesse voltando da guerra. É o beijo do meu amor que tem perfume de pomar e cor de pecado....Esse é o beijo verdadeiro, é o beijo sublime.