sexta-feira, 6 de agosto de 2010

A E I O U....é o que tenho para dizer





Isso lá é verdade, os homens são de poucas palavras. Há os que falam muito, exceção da regra. Já as mulheres são bem falantes, algumas exorbitam e se dedicam a alcançar a incontinência verbal, falam muito nos dois sentidos. O ideal seria uma média, homens e mulheres falando com parcimonia. Os extremos em si trazem o problema, se o palavrório desenfreado é irritante, o poucas palavras também o é. Vou contar uma história de uma moça que no reencontro com um amigo e mais tarde com o marido, descobriu que alguns homens só sabem falar em vogais.

A moça toda radiante encontrou um amigo que pelo visto não via há muito tempo, o encontro foi patético. Ela de braços abertos gritou: meu amigo, cadê voce?
- Aí . Sem festa alguma ele respondeu.
- Tudo bem? disse ela.
- É, respondeu o moço.
- Sumido hein?
- Iiiiiii, murmurou o tonto
- Ainda está com a Juninha?
- Uh, ironizou ele. Imagino que uh significa "acorda idiota".
- E a vida está boa? Insistiu a insistente.
- Uuuuu, foi a resposta efusiva.
- Trabalhando?
- É, ué.
Sentindo a indigência do diálogo ela despediu, prazer em vê-lo, voce está ótimo.
- Óóóó, saiu ele balançando a cabeça com um andar de urubu malandro dando tapinhas na orelha.

Chegando em casa ela encontrou o marido sentado no sofá, com o "rosário laico na mão" (controle remoto), hirto, olhos parados na TV.
- Bem, disse ela graciosamente, encontrei o Zé da Juninha.
- É? repondeu com desdém o tradicional marido brasileiro.
- É e está careca, sabia?
- Iiiii, falou ele passando a mão na própria calvice.
- Nem perguntou por voce.
- Oi?
- Sim, não perguntou por voce.
- Aaa , falou ele sem tirar os olhos da TV.
- Quer comer agora? Nada, silêncio. Quer comer agora?, gritou desesperada.
- Iiiii, rosnou o marido.
- Eu sei que sou uma chata mas voce poderia me responder, seu cafajeste.
- Ó, vociferou ele levantando a mão ameaçadoramente.
- Bate, urrou ela, bate covarde.
- Ai ai ai, replicou o vogático impaciente, ostentando aquela cara de imbecíl típica dos monossilábicos.
- Bate, insistiu ela tomada pela ira.
- Iiiii, ecoou ele.
- Vai tomar banho? Vociferou ela com cara de nojo.
- Uuuuu, concordou ele com os olhos risonhos e sedutores.

Acalmada ela provocou, vamos ali? Levantando do sofá ele encaminhou-se para o quarto e sentou-se na cama desabotoando a calça.
-Voce quer? alegrou ela depois de uma sêca de 2 meses.
- Ééé, respondeu ele com um sorriso besta afivelado na boca.
- Então vamos, comemorou ela.

Depois de meia hora de bate bola ele exaurido a olhou com um ar de desânimo e para sua questão meridional com uma cara de "pois é". Abanou a cabeça e continuou a olhá-la que sorria e a plenos pulmões fez à moda da turba ignara depois de um gol contra na decisão do campeonato, uuuuuuuuuuu, até perder a voz, gritou em silêncio.

Há pessoas lacônicas, outras abusam do vernáculo, poucas são impecáveis na interlocução, mas os A E I O U são os melhores, só eles têm a consciência de não terem nunca algo a dizer. UIUI!










2 comentários:

  1. A forma diz tudo!! Viu como ficou legal?

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  2. Genial!
    Esta história deveria ser publicada na PIAUÍ!
    Mas...será que os A E I O U não têm o que dizer?
    Creio que as vogais são repletas de significados.
    Me informaram que o Talmude (senão me engano) não possui vogais no seu texto e que, por exemplo, PALAVRA aparece como PLV, contudo PÓLVORA também aparece como PLV.
    As vogais podem sim evitar combates e explosões.

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