sábado, 15 de março de 2014

FICÇÃO REAL: TRISTE MUITO TRISTE






 O sol se põe todos os dias, mas volta a brilhar ao dia seguinte, é só uma questão de tempo. Essa foto eu tirei em Nazaré (Portugal).



Foi um encontro casual, não previsto, nem sonhado, que se tornou em uma história de amor. Do ponto de vista da moça foi um amor distinto de outros amores, para ela, um antigo amor eleito como o maior amor da vida, passou a ser apenas um fragmento na memória. Foram muitos anos em que aquele encontro se repetiu  quase diariamente, nada perto da eternidade, mas foram anos com mais, muito mais que 365 dias, dias intensos e consagrados como dias e noites sem regresso. Nada faria voltar às sensações de cada um deles, sempre algo inédito acontecia. Até um simples beijo era único. Beijos que os olhos cerram, e como pássaros enjaulados pelas pestanas aceitam placidamente a prisão. Maldita prisão.

O tempo transcorria sob os pés da moça, que a cada encontro se via tomada por tamanha ternura pelo rapaz, que sua alma precisou de uma suplementar para albergar aquele sentimento. Uma alma era para o mundo, a outra para ele. Ambas dentro de um só corpo, mas ambas eternas. A magia estava instalada. Os pensamentos e atitudes da moça prescindiam da palavra para se expressarem, tudo era transparente e cristalino.


Um dia o tempo fechou. Assim se diz quando as nuvens se aquartelam no céu azul e a noite se antecipa. São os tais enigmas, as forças contrárias que conspiram contra a sacralidade de um amor, ...amor perfeito? Que sei eu? Só sei que nessa impertinência metereológica a  história nublou. Cada um para um lado. Dor autêntica, lágrimas vivas. Foram dias que até o diabo renegou. Dias malditos.
Mas o tempo, grande aliado, começou a atuar em seu silêncio poderoso. Tudo passou. A imagem dele foi distanciando da mente da moça, como se fosse um espelhismo, até quase desaparecer. Ela jamais o procuraria, já tinha aprendido com os pássaros que nunca se deve posar em campos onde há espantalhos.

Não obstante a paz de espírito, a alma suplementar ficou, estática, silenciosa e fria, mas ficou. Maldita alma.
 (leiam a entrada "O Espantalho")



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