quinta-feira, 25 de março de 2010

UMA MORRIDINHA, SÓ UMA VEZ POR ANO







Deveria funcionar assim, amanhã vou dar uma morridinha por um ano. Acertado. Seria uma redenção, já imaginaram desviver por um ano? Estar fora desse mundo um ano a cada 10 anos, à moda do ano sabático, que felicidade! Teria me visto livre de inúmeros finais de semanas, de conversas intermináveis, de festinhas de aniversário, de reuniões de trabalho, de contas inumeráveis, de chateações do dia a dia, de velórios, de casamentos, de blitz no trânsito, de problemas de saúde, de viver sem tréguas.

E minhas meninas, meus amigos, meus alunos, meu amores? Por seguro estarão felizes com minha ausência, das minhas aulas, das minhas conversas e conversinhas e mais do que isso, de algo que não sei e acho que não preciso saber. O que sei já é o suficiente, dá para rir e para chorar. Um detalhe, o que me fez chorar, jamais me fará rir, isso é fato.

Oh Deus dê-me a benção de uma morridinha. Reivindico também o direito de não voltar ou voltar só para homenagear o poeta, " Minha terra tem palmeiras onde cantam sabiás. Não permita Deus que eu morra sem que volte para lá".

Nesse retorno eu serei a mesma, ainda que com a consciência que o outro é perdido, que as pessoas são as pessoas como elas são e que o mundo gira mais rápido do que se pensa. Isso vou levar para o túmulo quando o morrer e não em uma simples morridinha. Quem ler entenderá e me fará eco.

Há tempos extensos de minha vida que não vivi, eu estava morta. Quem sabe essa morridinha já vinha acontecendo de 10 em 10 anos e por pura falta de atenção eu não a considerei a grande benção? Sim, depois desses períodos a vida foi sempre muito, muito melhor. Que cegueira a minha!

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