terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

CARREGA PEDRA E É MALTRADO: O COMERCIANTE


Isso já é histórico, o pior elemento que o sol cobre sobre a terra é o comerciante. Elemento odiado, inspirador da máxima "o mal necessário". Os judeus além de terem matado o filho de Deus, foram comerciantes. Sobre eles caiu durante séculos toda a ira da humanidade, grande injustiça, imperdoável injustiça, infâmia universal. O comerciante na concepção das pessoas é um ladrão contumaz, um explorador, paga pouco e cobra muito pela mercadoria, sem lástima.


Mais um mentira do mundo dos homens. O comerciante é amado, adorado, endeusado. Que seria de nós sem o comércio? Já passaram por uma cidade com o comércio fechado? Parece que a morte a visitou. Existe dia mais triste do que aquele em que as lojas estão fechadas? Há algo mais frustrante que correr a uma simples farmácia e ver que está fechada por luto ou outra razão de menor importância? O comércio é a alegria do povo, é vida, é a possibilidade de renovar as energias. Minha teoria é essa, experiência pura.


Observem um ambiente sem graça. De repente chega um com uma sacolinha e começa tirar coisas lá de dentro, o tumulto é certo. Se são comidinhas as pessoas surtam, se são bijoux as mulheres se estapeiam, se são maquiagens é outro delírio. O ponto ápice é quando a bacana da turma se interessa pela mercadoria, o desejo alastra igual peste, todas querem. O comerciante tem que pedir 'calma pessoal, há para todos'. Esse é um fenômeno que naturalmente já despertou o interesse de profissionais de todas as áreas. O vilão é sempre o capitalismo, o consumismo desenfreado, o "ter", detesto esse TER. Pode ser também o preenchimento do vazio com mercadorias. Balela!


Ao meu ver isso é da natureza humana, teorizar o comércio é teorizar a razão da existência. Não há consenso e menos ainda uma resposta. Nós gostamos de coisas. Nós gostamos de perfumes, roupas, sapatos, sofás, cortinas, batedeira de bolo, esmalte, flor artificial, guardanapo com desenhos, óculos enormes e pequenos, passadores, meias, chave de fenda com cabo de louça, cremes, maquiagens, toalhas de banho, roupas de cama, cinto, celular, canetas, bloquinhos, pandeiros, quebra-cabeça, lápis de cor, bonecas, carro, moto, enfim, nós gostamos de tudo que sabemos que existe e estamos irremediavelmente abertos para as novidades. O que seria de nós se o comerciante não fizesse a sua parte, preferível a morte em um garrote vil.


Minha esperança é que um dia as pessoas dirijam olhares mais complacentes aos comerciantes. É esse infeliz que sai na intempérie para atender a essa necessidade que ruge e urge dentro da alma humana. É o comerciante que carrega peso, que tem dor na coluna, que passa a noite acordado com as promissórias a pagar, ele sim, é uma vítima e os consumidores os algozes implacáveis.


Mas o melhor da história é a vingança invertida. As pessoas juram que nunca mais compram na mão de alguém por uma razão ou outra. Humilham o comerciante, viram a cara na rua, desligam o telefone quando algo lhe é oferecido. "Ali não ponho mais meus pés", essa é a palavra de ordem. Dia seguinte esse vingativo está comprando na mão de outro comerciante que é nada mais nada menos que a constatação do acerto marxista, não interessa quem é o patrão, o que interessa é a relação que se estabelece entre duas pessoas. FUI.


Um comentário:

  1. Muito bacana, mas então poderíamos nos alcunhar de Hipócritas já que os Comerciantes são algo que precisamos constantemente e também constantemente são alcunhados como ladrões por nos mesmo??
    Mas e aquela ideia capitalista de que somos vitimas que tudo deve ser renovado e que temos que ter sempre mais e mais?? ela influencia muito nesse meio correto? já que tenho que me preocupar em ter sempre o melhor e claro mostrar aos outros que tenho o melhor para que ele também possa ter o melhor (Bem repeti 3 vezes Melhor, isso já mostra minha falta de criatividade e argumentação). Muito doido o Blog espero que volte a postar mais vezes ^^ 2012 chego e ate agora não saiu nadinha .. deve ta trabalhando muito em..

    ResponderExcluir