terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

SEGREDOS INCONFESSÁVEIS




Todo mundo tem um segredo inconfessável. É algo que guardamos com tanto cuidado que nem o subconsciente se atreve a revelar em um fatal ato falho. Há algum tempo venho querendo apagar um segredo que guardo há anos, impossível. Tenho medo de enlouquecer, aliás essa é uma fantasia que carrego desde menina. Fico pensando em mim louquinha com uma boneca nos braços, embalando-a e cantando cantigas de ninar. Quem seria essa boneca? Alguma de minhas meninas ou as tres que nunca ninei. A loucura sempre me assombrou. Mas agora meu medo não é de ninar bonecas e sair pela rua com o cabelo solto, com uma camisola rasgada e pés no chão. Agora, meu medo é a alienação mental combinada com o fim da censura, uma coisa só. Não tenho medo do meu segredo, porque ele só repercute em mim, mas dos segredos que me confidenciaram um dia.

Tenho medo de contar dos venenos, das calúnias, das perversidades, dos criptogramas da vida, aparentemente indecifráveis, mas que existem verdades veladas que reveladas os desvendam. E desvendá-los é colocar o mundo às claras, tarefa do louco. Tenho medo mas nem tanto, se estiver louca, a minha loucura será útil, ela servirá de álibi dos pérfidos e vís que convivem entre os homens, mas que são feras. Disso já falei.

Meu segredo inconfessável vou confessá-lo, não posso levá-lo para o túmulo. Não obstante a insensatez, eu o revelarei, qualquer dia. Tenho certeza que não serei ressarcida pelo dano que me tem feito guardá-lo.

Queria que esse segredo fosse blindado pela inocência, a mesma que um dia minha filha mais velha, linda como a aurora, com seus olhos cor do mar, marejando, me trancou no quarto e já em prantos revelou-me o seu segredo: "mãe vou te contar um segredo, você jura que não conta para ninguém? Mãe, não existe Papai Noel". Esse era o seu segredo e se revelá-lo foi por um lado uma traição à humanidade, por outro marcou sua entrada no mundo real.

Melhor seria que ela tivesse 30 anos e não apenas 7, se bem recordo. Dizem que é a idade da razão e também da desilusão. Disso estou segura, acho que sim, estou segura.

5 comentários:

  1. Uai, vc prepara o terreno para contar o seu segredo e acaba revelando o meu?! :))
    Adorei o texto! Ah! Os segredos... Lembro-me que vc nos contava alguns e mandava colocar na caixinha! Onde está a caixinha?!

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  2. A caixinha está comigo, e aonde ela está, não conto, é segredo!

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  3. Pensei por muito tempo que só eu tinha uma caixinha de segredos , mas qual, a minha não é a única,porém é mágica.

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  4. Oi, Cristina,
    As fotos que ilustram seus textos são belíssimas e a eles fazem jus.
    Segredos... que não os tem? Nós somos essas caixinhas preciosas que os guardam. Quando revelados perdem o seu encanto...Esse é, também,o encantamento do mistério, do segredo inviolável que envolve a nossa existência!
    Não creio que guardar o segredo cause dano; revelá-lo sim...
    Beijos,
    Gelik

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  5. meu segredo e tao terrível eu era uma menininha boba inocente de 8 anos e tinha um homem mal tarado q quase acabou com a minha inocência de criança e eu medrosa aind vejo ele sempre

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