quinta-feira, 15 de abril de 2010

O SONHO









Há alguns dias eu sonhei com você. Foi um sonho incomum porquê foi um sonho construído. Sabe aquela velha mania de sonhar com os olhos abertos? Depois com o coração apertadinho dormi e o sonho virou sonho de verdade. O notável não foi o delírio onírico mas, pelo contrário, o forte desejo, na inconsciência do sono de que o sonho fosse a realidade. O que posso dizer é que ainda ontem, pensei, fora eu uma poetisa comporia versos da extensão dos Lusíadas desqualificando aqueles que anistiam a paixão e não dão transparência à perturbação incontrolável que lhes vai na alma. São todos gente de luz opaca.

Talvez o pecado esteja mais no fato de que todas as oblações deveriam ser feitas somente a Deus, não aos homens. Daí o castigo. Aquele que permite que seus sentimentos fluam e ainda pior, os confessa, perde tudo, sobretudo a paz. A esses infelizes românticos os dias não lhes são impunes, nunca mais. Nas abençoadas tardes coloridas com a sua doce presença, é só alvorada, sem você virá o ocaso permanente com todas as implicações do desconhecido que a noite traz consigo.

Falar de amor é como falar de dinheiro, retórica recorrente e inócua, sem solução. Entretanto o amor traz em si uma diferença, ele pode ser expresso, é arte, é música, é dança, é loucura, é invenção e no fim tudo se transforma a ponto de se procurar o ponto da razão de tudo e perceber que é igual ao arco-íris, não se encontra porque não existe.

Yo conosco unas quantas referencias de que la pasión es una práctica independiente iluminada por las llamas vacilantes de las manos de los ángeles. Por eso puedo afirmarte que si vos queres o no lo inmortalizaré para siempre in mí corazon. Y, sin embargo, de vos yo no recibo ni un poco de aprecio, sino que, como a una niña pequeña, me engañas con tuyas estórias, pero no seré yo quien le haga reproches. Ayer yo tuvo un sueño, un sueño con vos, mí ángel.

Em geral esqueço os meus sonhos mas oh maldita memória, perturbadora de meu juízo, não sei com qual direito interfere todas as noites nos meus ensaios da morte para repetir o sonho daquela noite. Você estava aqui inteirinho como se não houvesse nada além dos limites das paredes da casa. Eu te via como te vejo acordada com essa boca rasgadinha que, sem a menor sombra de dúvida, nesse mundo se há igual, eu ainda não vi. Ah, alegria e presente de Deus dentro de uma caixa feita com o mais valioso papíro amarradinho com uma fita de ouro e com uma flor de lótus no acabamento? Será você?

Presentes lindos, esses não posso te dar então, com licença Dele, te darei. para você, e só para você, os meus sentidos. Meus olhos chorarão por você, meus ouvidos substituirão os seus naquilo que te ofender, meu paladar será usado para o amargo, meu olfato interferirá no seu quando o vento lhe trouxer algo que te importune, quanto ao meu tato, você o use no que for cortante. Os seus sentidos serão apenas para ver o belo, para ouvir a música, para se deleitar com os néctares, para sentir os perfumes mais raros, e as suas mãos, use-as no que te fizer feliz.

Naquela noite idílica, a do sonho, quando você me abraçava eu conhecí o Nirvana, sabe qual é o significado disto?. Quando percebi que poderia despertar bruscamente tive a certeza de que aquele era o momento da passagem. Antes porém eu te dei todo o sangue que em mim não faria mais sentido, eu te dei todo o meu corpo para que você aproveitasse o meu tempo para prolongar o seu.

Como te contei, ao dia seguinte, você andando pela rua viu uma pedra e duas datas. Você parou e seu coração revigorado pelo meu ficou muito feliz porque alí estava a matéria de um espírito que teve por você um amor verdadeiro . Mas eu te retribui à altura, meu presente maior para você foi a liberdade.


Um comentário:

  1. "Mas eu te retribui à altura, meu presente maior para você foi a liberdade." Esse é o verdadeiro adágio da iluminação!

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