domingo, 5 de janeiro de 2014

ZONA DE CONFORTO






A grande guerra a ser enfrentada na vida é a busca da tal "zona de conforto". Essa expressão, quando cunhada, foi dedicada aos "perdedores na vida". Ninguém se deu conta dessa ironia e muitos passaram a usar essa dupla de palavras, como uma forma sofisticada de identificar e justificar a própria vida As pessoas que privilegiam a "zona de conforto", em geral, são criaturas pobres de espírito, que não evoluem e que costumam ser como as orquídeas: parasitas. Elas vivem da seiva de alguém, que por mais insuportável que seja, a contrapartida é a confortabilíssima "zona de conforto". Ela prescinde de atitude, de garra, de trabalho e tudo o mais, ela é a "zona de conforto" e assunto encerrado.

Existem várias "zonas de conforto" e elas aparecem em todas as situações na vida. Em primeiro lugar, há de banir para sempre a "zona de conforto" que não seja uma construção própria."Zona de conforto" do outro é prisão, ausência de liberdade, vida controlada. Isso vale para todos os relacionamentos ou situações. A autêntica "zona de conforto", não está exclusivamente na materialidade, aliás, reiterando, essa tem que ser garantida pelo próprio trabalho, ainda que para isso se viva franciscanamente. Poder se manter sem o suporte do outro, é uma carta de alforria que deve ser colocada em uma moldura e pendurada na porta de entrada da casa, é honrar a liberdade.

O outro aspecto vital na "zona de conforto" é a tranquilidade emocional. Após ter assegurada a independência ficanceira, há de se tratar das emocionais, fundamentais para a paz interior. Existem inúmeras "zonas de conforto" mentais. Nelas podemos navegar livremente, nelas temos a prerrogativa da privacidade total, ninguém entra, são zonas hermeticamente fechadas. Se si sente mal em uma delas, transporte-se  para outra rapidinho impedindo que um pensamento negativo priorize em seu psiquê. As "zonas de conforto" mentais são constituídas pela indestrutível força da memória. Nela podemos selecionar aquelas que nos leva ao lugar de uma felicidade pretérita. Pode ser a lembrança de alguém, de um tempo, de uma convivência, que se transformam aos pouco em uma saudade acalentadora da alma. 

Hoje, andando pelas ruas de Madri, dando cliques com os olhos para fotografar cada pedacinho da cidade, descobri que esse patrimônio que trago dentro de mim, poderia ser uma das minhas zonas de conforto doravante. Nunca senti saudades "a priori" de nada na vida. Estou sentindo saudades de Madri, estou inteiramente enfeitiçada pela cidade. Essa é uma sensação que desconhecia, mas sinto que tenho que sair dela. Por isso comecei a abrir fronteiras no meu pensamento para não estagnar nessa "zona de conforto", ela só é minha como empréstimo e com devolução datada. Parar nela seria gerar um sofrimento sem fim. Já enumerei mais de 10 "zonas de conforto" mentais e tenho que estar permanentemente em trânsito. Hoje estou em uma "zona de conforto" inesquecível. Amanhã passearei em outra ou outras.



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