sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Ser transparente: é possível


Em uma outra postagem falei da boa prática de nunca se mostrar por inteiro. Fui mal interpretada. Não se mostrar por inteiro significa apenas nunca desguardar os flancos, assim jamais será surpreendido pelos intrusivos que te interpretarão calcados na sordidez da própria vida. Aliemo-nos à sensatez, uma certa discrição e um certo silêncio, sobretudo sobre estórias da própria vida que não dizem respeito a ninguém, só conspirarão a nosso favor. Há pessoas, principalmente aquelas que têm a cidade psíquica comprometida com a pequenez, que se sentem livres para fazer revelações da vida pretérita que até a pátina do tempo já se desfez. Esses momentos epifânicos podem ser devastadores, cuidado! Quando vejo alguém entrar nessa aventura temerária, meus pensamentos empalidecem perante tão ordinário mortal.

No entanto, a transparência é virtude dos grandes. A água, exemplo sublime da transparência, também pode se tornar turva se a usamos mal, se a remexermos muito ela mostrará seu lado negro. Afinal o que é ser transparente? Ser transparente é ser maiúsculo, é ser verdadeiro, é ser leal, é a inclandestinidade de atitudes, é ser forte, é não ter medo do nada, é estar em harmonia com o Bem e sintonizado com a coragem do verdadeiro herói.

A esses reverencio, para esses os deuses trabalham e bem.

Um comentário:

  1. Cristina, seus recursos literários, sua verve, se superam a cada momento...
    É bom revisitar nossas circunstâncias, iluminada pela sua observação sempre perspicaz.
    Concordo plenamente com a sensatez da parcimônia nas nossas atitudes, mas quanto ao "verdadeiro" que aparece mais de uma vez no seu texto, tenho ressalvas.
    Em um ensaio que li, o autor chamava a atenção sobre o preconceito com relação à mentira; e ele dava a sua sentença: "a mentira é uma ficção e a verdade é um erro!"
    Ser verdadeiro... com qual de nós que existe em nós?
    Beijos,
    Gelik

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